PITANGA COLOCA A EMBRAPA NA LUTA CONTRA O CÂNCER
Garimpar, em qualquer parte do mundo, frutas que funcionem na prevenção do câncer, que entrem naturalmente na dieta das pessoas, sem qualquer efeito colateral. Esta é a meta do professor e pesquisador norte-americano Michael Wargovich, que passou toda a semana no Brasil e retorna hoje para a Carolina do Sul. Acompanhado da esposa Joan Cunninghan, também médica e pesquisadora, Wargovich veio fazer uma parceria de pesquisa que envolve a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, a Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, onde o médico conduz a parte avançada da pesquisa sobre o câncer, em cobais.
A preocupação com o aumento dos casos da doença impulsiona o trabalho dos médicos. A previsão é que dentro de 20 anos dobre a incidência de câncer no Brasil. A idéia do projeto comum começou a tomar forma em novembro de 2006, quando o médico fez a palestra que abriu o II Encontro Sobre Pequenas Frutas e Frutas Nativas do Mercosul, em Pelotas, falando justamente dos efeitos do consumo de determinadas frutas no combate ao câncer. Na oportunidade o pesquisador conheceu a pitanga e ficou motivado pelas suas características. Ela apresenta antocianinas, carotenóides e fenóis, que podem funcionar como antiinflamatório nas células.
De acordo com o projeto apresentado em Pelotas, haverá a participação das pesquisadoras Maria do Carmo B. Raseira e Márcia Vizzotto, do setor de fruticultura da Embrapa Clima Temperado. A tarefa da Embrapa será a de selecionar o material genético e fazer a extração dos compostos. A UFRGS fará a identificação dos compostos e na universidade norte-americana a equipe de Wargovich fará testes de laboratório “in vitro” do produto em células de câncer em crescimento. Na seqüência o pesquisador testa o produto em animais. A idéia é de que os extratos contidos em frutas vermelhas, como a pitanga, consigam reduzir a proliferação das células cancerígenas em ratos geneticamente modificados (portadores da doença).
As razões para o uso da pitanga também se referem ao baixo custo e disponibilidade de ser consumida diretamente pela população. Além disso, a atual comercialização do produto, suas variedades e seleção, fazem da pitanga uma fruta acessível ao estudo e posterior consumo.Wargovich ressalta que os primeiros resultados devem aparecer em cerca de cinco anos. Se tudo der certo, a pesquisa deve apontar para o consumo de um certo número de pitangas ao dia, reduzindo assim o processo de disseminação de células cancerígenas no organismo humano.
“Precisa ficar claro que sobre qualquer resultado positivo que obtivermos, os direitos são integralmente dos brasileiros, porque esses frutas são daqui, e a pitanga tem grande chance de ser a fruta certa, por uma série de razões que vamos analisar a partir do projeto”, disse o norte americano antes de sair do Brasil.
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