domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ômega-3 e Ômega-6 Em Busca do Equilibrio Perdido

O Que São:

São ácidos graxos poliinsaturados, essenciais para uma dieta saudável, porque os humanos não podem sintetizá-los e precisam obtê-los através dos alimentos.

Para melhor entendermos onde se encontram, façamos primeiro um esquema dos tipos de gorduras conhecidas:

Gorduras Saturadas:

carnes vermelhas
laticínios integrais e derivados
óleos: de côco, de cacau, de palmeira

Gorduras Poliinsaturadas

ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3: peixes gordos (água fria), sementes e óleo de canola, sementes e óleo de linho, abacate...
ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-6: óleos vegetais de milho, soja, girassol
ÓLEOS MONOINSATURADOS: azeitonas e azeite (ou óleo de oliva), de algodão, de milho; sementes e óleo de canola
Óleos Transgordurosos ("TRANS"):

Nome derivado de transverso, devido à sua estrutura de átomos se apresentar de forma invertida.

São produzidos a partir de óleos ricos em ômega-6 por hidrogenação, processo industrial que transforma os óleos líquidos em pastosos, pelo contato do hidrogênio, para dar aos alimentos uma aparência crocante, cremosa, aumento do tempo de vida útil do produto na prateleira, ou seja, leva mais tempo para deteriorar, barateando o processo de produção para a indústria, mas, por outro lado, as pesquisas científicas mais avançadas estão indicando cada vez mais que, em termos de saúde, está saindo mais caro para quem os consome.

Alguns exemplos de produtos que contêm gorduras "trans":

margarinas
molhos para saladas prontos
batatas fritas em pacotes e de fast-food
congelados
salgadinhos de pacote
maioneses
bolos prontos, biscoitos recheados, bolachas tipo cream crackers..
pipocas de microondas
achocolatados

Na verdade, a preocupação dos médicos e cientistas que pesquisam o assunto é que ainda há muitos alimentos prontos para o consumo existentes no mercado que, por não trazerem em seus rótulos a especificação do teor de gorduras "trans", estão sendo consumidos inadvertidamente. Um avanço neste setor é que a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que, a partir de agosto de 2006, todos os produtos são obrigados a trazer em seus rótulos, além das outras especificações do alimento, o conteúdo dessas gorduras.
A PERDA DO EQUILÍBRIO

Em tempos remotos, por sua própria condição errante, nomádica, sempre em busca do alimento, o homem tinha obviamente uma dieta muito mais rica em frutas, fibras, vegetais, peixes, caça e, naturalmente, um padrão mais equilibrado em relação aos ácidos ômega-3 e ômega-6, numa proporção de quase 1:1, ou seja, uma parte de ômega-3 para cada parte de ômega-6. Além do que, tudo isso requeria um esforço físico e uma necessidade de constante movimento, o que fazia dele um ser NÃO SEDENTÁRIO.

Na idade moderna, com a fixação do homem à terra, através do desenvolvimento da agricultura, o aparecimento dos grandes cidades, das grandes indústrias, e, conseqüentemente, da pressão pelo consumo mais fácil, dos alimentos processados, e aí chegamos na alimentação, esse equilíbrio foi se perdendo e se deteriorando, e, hoje, está por volta de 10-20: 1, ou seja, consumimos apenas UMA parte de alimentos contendo ácidos graxos ômega-3 para 10 a 20 partes de alimentos contendo os ácidos graxos ômega-6, o que se configura em uma desproporção inédita. Além disso, tornamo-nos seres SEDENTÁRIOS.

>>Ou seja, a dieta ocidental caracteriza-se pela falta de ácidos ômega-3 e tem excesso de ácidos ômega-6<<
DE QUE FORMA ESSE DESEQUILÍBRIO PODE ATUAR NO ORGANISMO

Essa desproporção crítica nos deixou expostos à numerosas doenças, e muitas de suas conseqüências já são registradas pela literatura médica:

saúde mental: percepção da memória, doenças degenerativas como arteriosclerose, Alzheimer, depressão grave
doença cardíaca coronária (representa 50% da mortalidade cardiovascular total),
agregação de plaquetas (trombose),
vários tipos de câncer
vasoconstrição
elevação pressão arterial;
elevação dos triglicerídeos no sangue
asma;
psoríase;
colite ulcerativa
doenças ósseas
QUAIS OS BENEFÍCIOS DE UM EQUILÍBRIO MAIS COERENTE?

Não se pode mudar da noite para o dia e recuperar a perda ocorrida durante quase toda a evolução humana, mas, o que se aconselha com urgência é tentar reverter esse desequilíbrio da melhor forma que pudermos, e no início toda a mudança pode fazer uma grande diferença. O ideal seria chegar a uma proporção de DUAS PARTES OU MENOS DE ÔMEGA-6 PARA UMA PARTE DE ÔMEGA-3.

Alguns exemplos dos benefícios obtidos quando consumimos mais alimentos ricos em ômega-3:

são necessários para o crescimento
são essenciais para o sistema nervoso e cardiovascular
atuam desenvolvimento ocular e do cérebro
propriedades antiinflamatórias, antitrombóticas, antiarrítmicas, vasodilatadoras
reduzem os lipídios no sangue
auxiliam na regulação da coagulação do sangue, da pressão sangüínea e da imunidade...

SUGESTÕES PARA A BUSCA EQUILÍBRIO

Na hora de compor sua dieta, sugerimos ter em mente que o equilíbrio aqui mencionado é uma necessidade vital, não uma obrigação. Portanto, nossa primeira sugestão é usar o bom senso!

mais peixes (2 a 3 vezes por semana), preferentemente os de água fria, (atum, enchova, salmão, truta, sardinha)
mais verduras e legumes (espinafre, mostarda...
mais frutas (diariamente)..abacate
nozes e noz pecan
preferência para margarinas enriquecidas com ômega-3
óleos recomendados: oliva e canola
grãos e sementes (ervilhas, feijões...)
evitar óleos "trans" (hidrogenados): margarinas, maionese, molhos prontos, frituras,
evitar alimentos fritos e, principalmente, as frituras de imersão e de alta temperatura, que podem destruir os ácidos ômega-3;
diminuir o consumo de gorduras saturadas (carnes vermelhas, laticínios e derivados
atividade física sob todas as formas, sempre com orientação de um profissional de saúde;

ONDE QUEREMOS CHEGAR

Em termos mais filosóficos, se acreditamos que somos aquilo que comemos, talvez a pergunta que podemos fazer é: será que estamos gostando dessa identidade?

Nessas últimas três décadas de experimentação desse estilo de vida ?prático? será que nossa saúde ganhou ou perdeu?

Também lembramos que nosso padrão cultural, a aí se inclui nossos hábitos alimentares, é repassado para as novas gerações, o que nos impõe uma certa dose de responsabilidade, se não quisermos ver nossos jovens desenvolvendo certas doenças, antes características de um envelhecimento natural, e morrendo cada vez mais cedo, o que já aparece nas estatísticas científicas.

Os pesquisadores trabalham, primordialmente, com pesquisas em populações humanas, e essas pesquisas mostram claramente que existem certas tendências em nossas populações, principalmente a ocidental, como o constante crescimento da obesidade, doenças cardíacas coronárias, morte súbitas, cânceres etc. em indivíduos cada vez mais jovens.

Uma das pesquisas mais importantes, da qual nasceu o conceito da Dieta do Mediterrâneo, envolveu os habitantes da Ilha de Creta (Mediterrâneo), e mais tarde abrangeu os outros países da bacia do mediterrâneo, cujas populações tinham mantido em sua dieta o equilíbrio entre os ácidos essênciais ômega-3 e ômega-6 praticamente inalterado.

Talvez estejamos no limiar de uma nova revolução, uma vez que, infelizmente para muitos, essa inércia, disfarçada de conforto, já cobrou um preço bem caro!


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